Cenário: crise econômica amplia desafios do setor

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A intensificação da crise política e econômica que assola o país traz efeitos diretos e significativos para o mercado de saúde suplementar, desde seu desenvolvimento como sistema até o impacto no controle dos custos assistenciais. O ano de 2015 foi o primeiro desde os anos 2000, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) passou a regulamentar o setor, que apresentou queda da base geral de beneficiários de planos médicos, com uma variação negativa de 1,5%, representando cerca de 766 mil vínculos a menos. Todos os tipos de contratação sofreram reduções. Os coletivos totais decresceram 1,3%, os coletivos empresariais 1,2%, os coletivos por adesão 1,9% e os individuais 1,6%. Neste contexto, a taxa de cobertura nacional de planos de saúde de assistência médica é de 25,6% da população.

Um dos principais motivadores desta queda é o aumento do índice de desemprego, que fechou 2015 com média de 8,5%, a maior já medida pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios), iniciada em 2012. Este resultado ficou 1,7 ponto percentual acima da média de 2014 (6,8%), a piora mais acelerada registrada nesses quatro anos de série histórica. No último trimestre do ano de 2015, o rendimento médio real da população ocupada foi de R$ 1.863,00, medido pela Pnad Contínua trimestral/IBGE, queda de 0,2% no acumulado em 12 meses. O desemprego tem uma grande influência na evolução da carteira dos planos de saúde, uma vez que gera um movimento chamado de “movimentação negativa”, quando o número de pessoas que deixa o plano é maior do que o que entra sem que a operadora perca contratos.

O dólar também teve grande oscilação em 2015, subindo 48,49% sobre o real, o maior avanço anual em 13 anos. Essa elevação traz impactos para o setor de saúde suplementar e o resultado das operadoras, uma vez que boa parte dos custos assistenciais é vinculado à moeda americana.

Por fim, outro fator que tem reflexos diretos para as operadoras de planos de saúde é a inflação médica, que por mais um ano foi superior à inflação geral. O IPCA de 2015 foi de 10,67%, enquanto o índice para planos de saúde foi de 12,20%. Outra análise sob esta ótica, feita anualmente pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), é a variação dos custos médico-hospitalares, que foi de 17,1% para o período de 12 meses encerrado em Junho de 2015, última medição até então, mantendo-se superior à variação da inflação geral (IPCA) que foi de 8,9% para o mesmo período. No 1º semestre de 2015 o aumento da VCMH foi de 1,8 ponto percentual: de 15,3% em janeiro de 2015 para 17,1% em junho de 2015.

Como referência, a inflação médica bruta em 2015 do Brasil foi bastante superior a países cujos sistema de saúde são estudados no mundo. O país teve um índice de 18,1%, frente 9% do Estados Unidos, 9,3% do México, 7,8% do Reino Unido e 6% da França e do Chile.

A soma de todos estes fatores reduziu a lucratividade do setor e ampliou a concentração de mercado, em função da saída de algumas operadoras de mercado. Dentre elas, uma de grande relevância para a Unimed-Rio foi a liquidação da Unimed Paulistana, situação que trouxe dificuldades de atendimento para cerca de 40 mil clientes em alguns períodos de 2015.

Fontes:

Relatório Aon Hewitt 2015 – Global Medical Trend Rate Survey Report

ANS: Caderno de Informações da Saúde Suplementar 2015

IESS: Relatório “Variação de Custos Médico-Hospitalares”

IESS: Relatório “Saúde Suplementar em Números”

IESS: Relatório “Conjuntura Saúde Suplementar”

IESS: Relatório “VCMH/IESS”

VCMH e IPCA

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